Pensamentos automáticos são aqueles que surgem de forma espontânea, funcionando como uma espécie de diálogo interno. Eles atuam como comentários sobre si mesmo, sobre o comportamento dos outros e sobre o mundo ao nosso redor, sempre acompanhados de emoções. Em casos de depressão, esses pensamentos tendem a ter um teor negativo: sobre si próprio (“sou um fracasso”), sobre os outros (“ninguém me entende”) e sobre o mundo (“a vida é muito difícil”). Isso alimenta sentimentos de tristeza, raiva e frustração.
A seguir, apresentamos alguns exemplos de pensamentos automáticos em diferentes situações, acompanhados das emoções correspondentes. Note que cada situação é apresentada duas vezes, para ilustrar como a interpretação de um mesmo evento pode variar de pessoa para pessoa:
- Ao ser informado de que passei em um concurso:
- “Sim, sou competente, tenho habilidades.” Emoções: alegria, orgulho
- “Só consegui porque os juízes foram indulgentes comigo, meu trabalho não foi tão bom.” Emoções: tristeza, vergonha
- Quando meu filho tira uma nota ruim:
- “Ele teve dificuldades e eu não soube como ajudá-lo. Sou um péssimo pai.” Emoções: frustração, tristeza, raiva de si mesmo
- “Coitado, ele deve estar triste, sei que ele se esforçou.” Emoções: tristeza, compaixão
- Ao ser elogiado pelo meu trabalho:
- “Eles estão satisfeitos com meu trabalho, fiz um bom trabalho.” Emoções: alegria, satisfação, orgulho
- “Eles se enganaram, exageraram, não perceberam que o que fiz não foi grande coisa, qualquer um poderia fazer.” Emoções: frustração, tristeza, ansiedade
- Ao andar na calçada e ouvir pessoas rindo no terraço:
- “Estão rindo de mim, não estou bem vestido, sou ridículo.” Emoções: ansiedade, frustração, raiva, tristeza
- “Eles parecem estar se divertindo.” Emoções: alegria
Resumindo, pensamentos automáticos e emoções andam juntos, moldando nossa experiência de vida e influenciando seu tom e valor.
Table of Contents
ToggleComo surgem os pensamentos automáticos na depressão?
Nem todos os pensamentos automáticos são problemáticos. Desde cedo, aprendemos a categorizar situações, objetos e comportamentos como bons ou ruins. Tentamos alcançar e repetir os que são considerados positivos e evitar os negativos. Essas associações tornam-se aprendidas, guiando nossas escolhas e comportamentos baseados no que consideramos importante.
Quem decide o que é bom ou ruim?
Na infância, a cultura, educação e os adultos ao nosso redor nos ensinam a classificar objetos e comportamentos. Este aprendizado inicial molda nossas percepções de bom e ruim, influenciando como nos sentimos em diferentes situações. Valores compartilhados, como ser amado, ser um bom pai ou mãe, e sentir-se competente, guiam nosso comportamento e autoavaliação.
Pensamentos automáticos na depressão: Como eles se formam?
Esses julgamentos se manifestam como pensamentos sobre objetos, pessoas, situações e comportamentos, incluindo nossos próprios. Aqui estão dois exemplos de como esses pensamentos se consolidam:
O caso de Lucas
Lucas, um garoto de 13 anos, prefere videogames à escola e tem desempenho acadêmico medíocre. Seus pais, insatisfeitos, constantemente o criticam, chamando-o de preguiçoso e inútil. Essas críticas, repetidas diariamente, associam-se a sentimentos de raiva e frustração, levando Simon a internalizar essas ideias negativas sobre si mesmo. Em situações semelhantes, ele automaticamente pensa “sou preguiçoso, sou um fracasso”.
O caso de Maria
Maria, uma boa aluna, enfrenta dificuldades de integração em uma nova escola e é alvo de bullying. As críticas e zombarias das outras meninas (“você é feia, inútil”) são internalizadas por Marie, levando-a a acreditar nessas afirmações. Em situações sociais, ela pensa automaticamente “sou feia e inútil”, sentindo-se ansiosa e evitando a interação social.
Pensamentos automáticos na depressão
Pensamentos automáticos negativos, como os de Simon e Marie, contribuem para sentimentos de inadequação e evitamento de situações desafiadoras, reforçando a depressão. Esses pensamentos são aprendidos a partir de experiências passadas e traumas, e embora frequentemente distorcidos, causam sofrimento. É essencial reconhecê-los e trabalhá-los para minimizar seu impacto negativo.
Por fim, é importante lembrar que “não sou o que meus pensamentos dizem sobre mim”. Identificar e tratar esses pensamentos é crucial para melhorar o bem-estar emocional.