Quando um conceito da psicologia se torna parte do senso comum, surge o problema de muitas pessoas discutirem sobre um tema que não compreendem completamente. Esse pode ser o caso da autoestima, um termo que ganhou popularidade recentemente.
Será que todos que falam sobre autoestima realmente sabem do que estão falando? A baixa autoestima é a causa principal dos seus problemas? Elogiar e ser elogiado realmente aumenta a sua autoestima? Para que você possa falar com mais propriedade sobre o assunto, este texto vai esclarecer essas e outras questões.
1 – Compreendendo a Autoestima
Para começar, é essencial entender o conceito de autoestima. Isso facilitará a compreensão das próximas explicações.
Autoestima pode ser definida como a percepção que temos sobre nós mesmos. Não se trata apenas de uma avaliação lógica, mas também de um sentimento intuitivo. Quando você reflete sobre si, a sensação é positiva ou negativa? Esse é o cerne da autoestima, a avaliação pessoal que você faz de si mesmo.
Uma questão intrigante é: por que às vezes temos pensamentos positivos sobre nós, mas ainda assim sentimos que algo está faltando? Como podemos lidar com isso? Continue lendo para descobrir!
2 – Será que a Baixa Autoestima é a Causa dos Meus Problemas?
Na perspectiva da psicologia comportamental, os problemas estão ligados às nossas ações. Existem comportamentos que adotamos no dia a dia que podem prejudicar nossa vida, como não expressar nossos sentimentos, mentir para os outros, ou consumir alimentos que prejudicam nossa saúde para obter uma satisfação imediata.
Todos nós, em algum nível, nos autossabotamos através de nossas ações. A baixa autoestima é, na verdade, um conjunto de comportamentos. Vamos explorar isso mais a fundo?
Quando você pensa em alguém com baixa autoestima, o que vem à mente? Talvez algo como “Ela é reservada, evita sair por se sentir feia, não aceita desafios.” É fundamental olhar além dos rótulos de baixa ou alta autoestima e entender, em termos de comportamentos, o que a pessoa quer dizer com esses rótulos.
Além do rótulo abstrato, a terapia trabalha na mudança de atitudes. O que faz a pessoa se sentir orgulhosa? O que ela vê como uma pessoa com alta autoestima? Talvez ela não consiga abordar alguém do sexo oposto de imediato, mas será que ela consegue perguntar sobre o próximo ônibus a alguém na parada?
Assim, o processo é construído passo a passo até alcançar o comportamento desejado. Resumindo, a baixa autoestima não é a raiz dos seus problemas. Baixa autoestima é um rótulo para um conjunto de comportamentos. Os problemas estão nos comportamentos, não no rótulo.
3 – Estratégias para Melhorar a Autoestima
Se a autoestima é a opinião que temos sobre nós mesmos, aumentar a autoestima significa mudar essa opinião para algo mais positivo.
Vamos refletir: quando você forma uma opinião sobre alguém, o que pesa mais é o que essa pessoa fala ou faz?
Normalmente, valorizamos mais as ações das pessoas. Sabemos que promessas, palavras e enganos são comuns, mas as atitudes são sinceras. Se usamos esse critério para formar opiniões sobre os outros, também o aplicamos a nós mesmos.
Muitas pessoas tentam se convencer de que já são maravilhosas, competentes e capazes, utilizando frases motivacionais no espelho e repetindo: “Eu sou incrível. Eu sou especial.”
Hoje, muitas pessoas acreditam que podem se transformar apenas com palavras e pensamento positivo. No entanto, sem ação, o pensamento positivo não traz mudanças reais.
Em vez de se perguntar: “Por que tenho baixa autoestima?” e se perder em pensamentos, foque em observar suas atitudes e mudá-las gradualmente.
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4 – O Impacto dos Elogios na Autoestima
Receber elogios certamente traz uma sensação agradável. No entanto, quanto tempo essa sensação de bem-estar realmente dura? A resposta, muitas vezes, é: não por muito tempo.
É claro que o impacto do elogio pode variar dependendo de quem o faz, do conteúdo do elogio, do momento em que é feito, entre outros fatores. No entanto, o que frequentemente observamos como psicólogos é que os elogios podem levantar o ânimo temporariamente, mas essa sensação tende a se dissipar rapidamente. Por isso, apenas receber elogios, ouvir palavras encorajadoras e adotar um pensamento positivo não são suficientes para resolver a questão da autoestima.
Assim, se o seu objetivo é aumentar a autoestima de forma duradoura, os elogios podem ajudar, mas não são a solução completa. Eles funcionam mais como um paliativo, oferecendo um alívio momentâneo para a baixa autoestima.
5 – Melhorar a Aparência Aumenta a Autoestima?
Conforme discutido, a autoestima está fortemente ligada às ações que te fazem sentir orgulho. Vamos imaginar uma situação: você está desanimada, deitada na cama, e uma amiga te convida para sair. Você precisa se arrumar, mas a falta de vontade é grande, pois você se sente muito mal.
Mesmo assim, você decide contrariar esse sentimento negativo. Você se levanta, se arruma e se dedica a isso. Se maquia, e ao se ver pronta, se sente bonita e orgulhosa de si mesma. Nesse caso, cuidar da aparência realmente contribuiu para aumentar a sua autoestima.
Contudo, essa reflexão deve ir além. É essencial questionar por que você está fazendo isso. É um desejo genuíno seu? Ou você está mudando para agradar outra pessoa?
Considerando que a autoestima é a opinião que você tem sobre si mesma, ela só aumentará de verdade se você cuidar da sua aparência por vontade própria. Caso contrário, você se arruma, recebe elogios, mas já sabemos que o impacto desses elogios na autoestima é temporário e não resolve o problema de fundo. Eles são apenas medidas paliativas.
Além disso, você pode alcançar essa sensação de orgulho com diversas outras ações. Por exemplo, ter uma conversa difícil com alguém, pedir um aumento no trabalho, iniciar uma rotina de exercícios, entre outros.
Há muitas informações erradas sobre autoestima circulando na internet. O que sabemos com certeza é que apenas as ações concretas provocam mudanças reais. Então, se você deseja transformar verdadeiramente a forma como se vê, precisa começar mudando cada atitude que não te faz sentir orgulho de si mesma.
