Padrões e Repetições: Por Que Pareço Fazer Sempre as Mesmas Escolhas nos Relacionamentos?

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Superar os desafios da vida a dois nem sempre é simples, podendo causar diferentes níveis de sofrimento. A insatisfação e o sofrimento no casamento estão intimamente ligados a problemas de saúde mental. Vamos explorar como nosso funcionamento psicológico pode interagir com o de nosso parceiro e como os padrões negativos podem impactar a relação e nas escolhas no relacionamento.

O que são Esquemas?

Na psicoterapia, focamos bastante nos padrões de crenças dos pacientes. Segundo a teoria dos esquemas de Jeffrey Young (1995), os Esquemas Desadaptativos Iniciais são formas duradouras de funcionamento psicológico. Em outras palavras, são “programas” de pensamentos, emoções e comportamentos que são acionados em nossas interações diárias ou quando uma situação específica os ativa.

De onde vêm os Esquemas?

Esses “programas” psicológicos são formados principalmente durante a infância e adolescência. De acordo com Young, Klosko e Weishaar (2003), os principais fatores que contribuem para a formação desses padrões são:

  1. Primeiras Interações com Figuras de Apego: Como nossos cuidadores atenderam às nossas necessidades básicas durante a infância.
  2. Eventos da Vida e Adversidades Emocionais: As dificuldades emocionais enfrentadas dentro e fora do ambiente familiar, como na escola.

Exemplo Clínico

Vamos ver um exemplo: Maria cresceu em uma família instável. Seu pai saiu de casa quando ela tinha 5 anos e demonstrava pouco interesse e carinho. Isso pode ter criado um padrão de abandono. Maria aprendeu que relações importantes não são estáveis e que as pessoas próximas não são confiáveis.

Os esquemas têm uma tendência a se perpetuar ao longo do tempo, influenciando nossas experiências e relacionamentos. Assim, Maria pode continuar a reproduzir esse padrão em suas relações adultas, sentindo-se constantemente insegura e com medo de ser abandonada.

Como os Esquemas Afetam as escolhas nos Relacionamentos?

No nível “microscópico”, os esquemas influenciam a forma como interpretamos eventos. Através deles, damos significado às ações, atitudes e palavras do outro. Portanto, os esquemas também afetam nossos comportamentos. Se nossas interpretações forem distorcidas por esses esquemas, corremos o risco de agir de maneira inadequada.

Outro Exemplo Clínico

Maria, agora com 25 anos, está em um relacionamento há dois anos, mas sofre com o medo de ser abandonada, o que a leva a se comportar de forma agressiva. Isso já aconteceu em seu relacionamento anterior. Ela sente que desgasta seus parceiros e que, no final, todos a deixarão.

No nível “macroscópico”, os esquemas influenciam como e com quem nos relacionamos, além de moldar os padrões gerais de interação. Como nossos esquemas tendem a dominar nosso funcionamento interpessoal, corremos o risco de nos envolver em relações que lembram aquelas que formaram nossos esquemas iniciais. Se essas relações não atendiam às nossas necessidades emocionais, novos relacionamentos baseados nesses padrões provavelmente também não o farão.

Interação de Esquemas nas escolhas nos Relacionamentos

Quando os esquemas de ambos os parceiros interagem, podem surgir conflitos. Abaixo, vemos alguns exemplos de como esses padrões podem se manifestar:

  1. Incompatibilidade Antagônica: As necessidades emocionais de um parceiro e a disponibilidade emocional do outro são irreconciliáveis. Isso pode gerar frustração e ressentimento em ambas as partes.
  2. Combinações de Esquemas:
    • João sofre de falta emocional e espera frequentes demonstrações de afeto. Carla, sua parceira, tem padrões de abandono e desconfiança, antecipando o abandono e evitando se comprometer.
    • Pedro espera atenções frequentes, mas Laura vê expressar emoções como fraqueza e não sabe demonstrar afeto. Pedro se sente ignorado e Laura frustrada.
    • Paulo busca aprovação constante, mas Ana é extremamente crítica e nunca valoriza o que ele faz. Isso resulta em Paulo se sentindo inadequado e Ana insatisfeita.

Relaxando os Padrões

Para melhorar a dinâmica do casal, podemos:

  1. Identificar os Padrões: Conhecer os esquemas ajuda a entender as frustrações e os conflitos.
  2. Analisar Situações Difíceis: Estudar situações problemáticas pode ajudar a entender como os esquemas estão em jogo.
  3. Entender Processos: Analisar detalhadamente os processos por trás das situações difíceis e dialogar sobre eles.
  4. Identificar Necessidades: Clarear expectativas e necessidades mútuas é essencial.
  5. Motivação e Decisão: Avaliar a motivação para flexibilizar os esquemas e decidir como proceder.

Terapias de Casal

Terapias de casal, como as cognitivo comportamentais, focadas na emoção e baseadas em esquema, têm se mostrado eficazes para resolver essas dificuldades.

Se você está enfrentando dificuldades em seu relacionamento, buscar a orientação de um psicólogo pode ser um passo importante para entender e trabalhar nos esquemas que impactam sua vida a dois.

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